Veja carta de Ilan Goldfajn sobre o descumprimento da meta de inflação
A taxa acumulada pela inflação no ano de 2017 foi de 2,95%, abaixo do limite inferior de 3% da meta de 4,5% estipulada pelo governo, mas acima do teto do intervalo das expectativas dos analistas, que iam de 2,74% a 2,89%, com mediana de 2,80%.
O sistema de metas de inflação foi criado em 1999 como uma forma de evitar o risco da hiperinflação, que atingiu o país nas décadas de 1980 e 1990 e só foi freada com o Plano Real em 1994.
Os dados foram divulgados hoje (10), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e indicam que, em dezembro, o IPCA fechou em 0,44%, ficando 0,16 ponto percentual acima do resultado de novembro (0,28%).
Segundo o analista da Coordenação de Índices de Preços ao Consumidor Fernando Gonçalves, a partir de agora deverá ocorrer um realinhamento dos preços dos alimentos. A meta central definida para o ano passado foi de 4,5%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto porcentual para cima ou para baixo. Os juros básicos são o principal instrumento de controle da inflação pela autoridade monetária e só são reduzidos se a autoridade monetária tiver segurança de que o barateamento do crédito não vai gerar aumentos de preços. Ele lembrou que, desde o fim do ano passado, o IPCA voltou a aumentar para convergir em direção ao centro da meta. Atualmente, a Selic está em 7% ao ano, no menor nível da história. A última edição do Relatório de Inflação, divulgada pelo órgão em dezembro, projeta IPCA de 4,2% para 2018 e 2019. O assunto do encontro, conforme Goldfajn, foi a inflação registrada em 2017.
A meta inflacionária estabelecida, havia sido de 4,5%, mas como a inflação ficou abaixo dos 3%, o Banco Central terá que se manifestar por escrito ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, justificando o descumprimento da meta inflacionária que tinha sido estabelecida.
O Banco Central (BC) não atrasou os cortes de juros mesmo com a queda da inflação, disse hoje (10) o presidente do órgão, Ilan Goldfajn.
Na carta, o BC afirma que "em vista do comportamento excepcional dos preços dos alimentos no domicílio, decorrentes de choques fora do alcance da política monetária (como a oferta recorde de produtos agrícolas), o Banco Central do Brasil seguiu os bons princípios no gerenciamento da política monetária e não reagiu ao impacto primário do choque".